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Dieta de baixa caloria pode tornar o organismo mais vulnerável a doenças inflamatórias intestinais

  • 16 de abril de 2012
  • crn1

Capazes de causar inflamações desordenadas em diferentes partes do tubo digestório, área do corpo que se estende da boca até o ânus, a retocolite ulcerativa inespecífica e a doença de Crohn instigam a medicina por não terem uma causa clara. Os especialistas acreditam que os dois tipos de doença inflamatória intestinal (DII) surgem devido a uma mistura de fatores genéticos, ambientais e emocionais. Agora, um estudo com ratos de laboratório publicado recentemente pelo “World Journal of Gastroenterology” associa casos mais graves da doença a uma alimentação insuficiente.
Na pesquisa, especialistas da Universidade Michigan, nos Estados Unidos, perceberam que camundongos submetidos a uma dieta de baixa caloria morreram mais rápido que outras cobaias depois de todos terem sido contaminados por uma bactéria que ataca o cólon e provoca um quadro semelhante ao da retocolite ulcerativa.
“O estudo revelou que uma pessoa que segue uma dieta com calorias restritas pode impedir o sistema imunológico de responder a uma infecção desse tipo”, esclarece Jenifer Fenton, professora do departamento de ciência alimentícia e nutrição humana da universidade norte-americana.
Segundo ela, o estudo busca descobrir por que a ingestão de calorias insuficientes parece ter um impacto tão grande na capacidade do organismo de responder à infecção.
“É possível que o mesmo mecanismo da gripe, por exemplo, esteja ocorrendo nas doenças gastrointestinais. Pesquisas futuras investigarão essa possibilidade”, sintetiza Jenifer.
A alimentação é, de fato, um dos fatores relacionados à condição crônica da DII, afirma Columbano Junqueira Neto, médico-chefe da unidade de gastroenterologia do Hospital de Base do Distrito Federal.
“Os principais fatores relacionados à fisiopatologia da doença envolvem a resposta imune do indivíduo, fatores ambientais, como hábitos alimentares e tabagismo, e a população de bactérias presentes no intestino, além de, provavelmente, inúmeros outros ainda desconhecidos”, afirma o especialista
Para a investigação, a equipe de Michigan manteve três grupos de cobaias sob diferentes regimes alimentares: um rico em calorias e gorduras; outro com 30% de calorias a menos que a quantidade considerada ideal para o organismo e um terceiro com o total adequado de energia. Todas as cobaias então foram contaminadas com a bactéria H. hepaticus, que causa inflamação no cólon e provoca tumores na região. Segundo Jenifer, esse processo simula as lesões mais graves observadas em humanos com câncer colorretal.
Os especialistas perceberam que o excesso de alimentação não influenciou de forma considerável o quadro de retocolite em relação ao grupo que recebeu uma alimentação balanceada. No entanto, os ratos submetidos a uma dieta de calorias baixas tiveram uma mortalidade maior, assim como se mostraram mais vulneráveis à ação da H. hepaticus, morrendo antes mesmo do desenvolvimento dos tumores.
“Estudos futuros devem examinar melhor a associação entre a porcentagem de gordura e as respostas do sistema imunológico. Entender como a dieta de baixa caloria aumenta a mortalidade nesse modelo pode nos levar a novos tratamentos da doença em humanos”, observa a pesquisadora.
Possibilidades
Para Paulo Gonçalves de Oliveira, vice-presidente nacional da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC), os resultados abrem novas possibilidades de pesquisa, mas devem ser vistos com cuidado. Além de o estudo ter sido realizado em camundongos, que em grande parte das vezes reagem de maneira diferente do homem, há a chance de a restrição de calorias ter levado os animais à desnutrição, que pode tornar o organismo fragilizado e, portanto, mais sujeito à ação de bactérias.
Oliveira, que também é chefe do serviço de coloproctologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), lembra que outros estudos mostraram aumento nas mortes de animais com restrição calórica e submetidos a infecção pelo vírus da gripe (influenza). “A lição que deve ficar talvez seja de que uma dieta equilibrada, sem exageros tanto nas restrições quanto nos abusos, represente o melhor caminho para se ter uma vida saudável”, ressalta o médico. Columbano Neto, do Hospital de Base, acrescenta que a obesidade costuma acarretar sérias complicações intestinais, “favorecendo o agravamento da inflamação colônia e dificultando a resposta a medicamentos”.
 
Fonte: Jornal A Notícia (SC)
 

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