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Nota Técnica sobre alimentação durante a gestação e amamentação

A saúde das gestantes e de seus bebês depende de uma alimentação adequada, sendo a nutrição no período gestacional e no pós-parto fundamental para a evolução da gestação e desenvolvimento adequado dos bebês.
Numa época onde a preocupação com a estética cresce de forma de exagerada, é crescente também a popularidade na mídia e na internet de informações de famosos sobre o que se deve ou não comer para atingir o corpo “dos sonhos”, inclusive durante a gravidez e no pós-parto. Por isso, orientamos cautela, pois ganho ou perda de peso inadequado e determinadas restrições alimentares durante a gravidez e a amamentação pode acarretar sérios prejuízos à saúde das mães e de seus bebes.
A gravidez gera alterações fisiológicas no organismo materno, e consequentemente aumentam a necessidade de nutrientes essenciais. Seja em relação aos micro ou macronutrientes, a inadequada oferta energética da gestante limita a disponibilidade dos nutrientes necessários ao desenvolvimento e crescimento fetal.
É consenso na literatura que gestantes que apresentam inadequada reserva de nutrientes e ingestão dietética insuficiente, poderão ter um comprometimento do desenvolvimento e crescimento fetal. O cuidado com a alimentação na gestação requer acompanhamentos específicos nas diferentes fases, no primeiro trimestre, é fundamental para o desenvolvimento e diferenciação dos diversos órgãos fetais. No segundo e terceiro trimestres, a dieta está relacionada com a efetivação do crescimento e continuação do desenvolvimento cerebral do feto.  Deficiências de micronutrientes, tais como zinco, cobre, magnésio, ferro, ácido fólico e iodo podem estar associadas a aborto, anomalias congênitas, pré-eclâmpsia, ruptura prematura de membranas, parto prematuro e bebês com baixo peso.
No pós-parto os cuidados nutricionais devem ser mantidos, observando as condições para assegurar o aleitamento materno adequado. Nos casos em que não é possível a oferta de leite materno ao filho, o cuidado nutricional, para com a mãe, deve ser observado com vistas a proporcionar hábitos alimentares saudáveis. A perda de peso no pós-parto deve ocorrer de forma fisiológica e gradativa.
O jejum, a redução de micronutrientes ou de macronutrientes específicos, como carboidratos e proteínas, no período gestacional, pode comprometer as reservas energéticas maternas e consequentemente a evolução adequada da gestação. No pós-parto, pode prejudicar o sucesso do aleitamento materno. Não existem níveis consistentes de evidências científicas que demonstrem que o jejum, sob qualquer hipótese, seja benéfico ao organismo e que seja uma conduta a ser praticada para emagrecimento, tanto na gestação, quanto no pós-parto ou em qualquer fase do ciclo da vida.
Desse modo, orientamos aos nutricionistas e à população que analisem criteriosamente orientações e divulgações na mídia sobre alimentação na gestação e na fase de amamentação, e que evitem práticas que não possuam níveis consistentes de evidências científicas e que possam inclusive, prejudicar a saúde. As gestantes e nutrizes devem procurar nutricionista devidamente habilitado para o acompanhamento nutricional adequado.
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