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O crescimento dos percentuais de sobrepeso e obesidade é comum a todos os países do mundo, constituindo-se de acordo com a Organização Mundial da Saúde, um problema de Saúde Pública. Segundo a instituição, cerca de 2,8 milhões de pessoas morrem, a cada ano, devido ao excesso de peso e obesidade (WHO,2009).
No Brasil houve um aumento na frequência de excesso de peso e obesidade ao longo dos anos de 1974-75 e 2008-09. Durante esse período, de 34 anos, a prevalência de excesso de peso em adultos aumentou em quase três vezes no sexo masculino (de 18,6% para 50,1%) e em quase duas vezes no sexo feminino (de 28,7% para 48,0%). No mesmo período, a prevalência de obesidade aumentou em mais de quatro vezes para homens (de 2,8% para 12,4%) e em mais de duas vezes para mulheres (de 8,0% para 16,9%). Veja o crescimento na figura abaixo.
Segundo a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2008-09), a participação relativa na disponibilidade total de energia consumida diariamente, no domicílio, de refeições prontas e industrializadas é de 4,61%, de embutidos é de 2,22%, de biscoitos de 3,3% e de açúcares e refrigerantes de 12,99% , enquanto a mesma disponibilidade para frutas e sucos naturais é de 2,04% e de verduras e legumes de 0,80%.
Esses dados mostram que o percentual de participação efetiva de frutas e hortaliças na alimentação do brasileiro ainda é insuficiente.
A Organização Mundial da Saúde recomenda a ingestão diária de 400 gramas de frutas e hortaliças, ou seja, aproximadamente quatro porções desses itens. Para a população brasileira, o Ministério da Saúde recomenda a ingestão diária de 6 porções de frutas e hortaliças (BRASIL, 2005). Mas segundo dados da última POF (2008-09) menos de 10% da população brasileira atinge a recomendação internacional, o que pode permitir concluir que a porcentagem que consome a quantidade nacional recomendada é ainda menor.
Dentre as possíveis causas para esse consumo inadequado, pode-se citar a dificuldade de acesso a alguns alimentos, o custo destes bem como a falta de tempo da população.
O consumo inadequado aliado a hábitos de vida sedentários têm levado ao aumento nos índices de sobrepeso e obesidade entre a população de todas as faixas etárias. Esse crescimento exige que o governo e sociedade criem estratégias para o incentivo de práticas alimentares mais saudáveis, dentre elas, o aumento do consumo de frutas e hortaliças, principalmente devido ao caráter protetor desses alimentos.
Entretanto, ao se pensar na promoção de hábitos alimentares saudáveis é necessário conhecer os fatores ligados ao processo de escolha e compra de alimentos e fugir das ideias positivistas, centradas na atenção à doença que acabam por restringir a alimentação a uma simples necessidade física de ingestão de nutrientes.
Essa visão positivista acaba por limitar o reconhecimento do processo de escolha alimentar como um ato cultural e social e também distancia o nutricionista das questões alimentares reais das pessoas e do ato de se alimentar, que vai muito além da proposta de tratamento/prevenção de doenças.
Além disso, compreender a alimentação e nutrição de forma interdisciplinar é extremamente importante para a efetividade de ações na área de alimentação e nutrição que busquem não só o aumento do consumo de frutas e hortaliças, mas também a promoção da alimentação saudável como um todo.
Dessa forma, ter uma visão ampliada do indivíduo, trazendo para as ações de alimentação e nutrição a humanização e a compreensão das escolhas alimentares, ajuda a aumentar a efetividade das ações de Alimentação e Nutrição e, consequentemente, superar problemas decorrentes de uma alimentação inadequada como obesidade e sobrepeso.
Bárbara de Alencar é nutricionista, graduada pela Universidade de Brasília (UnB), especialista em Gestão de Saúde (UnB) e Mestre em Nutrição Humana (UnB). Atualmenta é pesquisadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (OPSAN/UnB). |
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