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OMS alerta para o que chama de “a globalização de um estilo de vida não saudável”

  • 29 de setembro de 2011
  • crn1

Só o câncer mata 7,6 milhões de pessoas por ano. Como indica a ONU, é mais que a AIDS, a malária e a tuberculose juntos. A estas somam-se 17 milhões que morrem de infartos ou outras doenças cardíacas, e 1,3 milhão por causa do diabetes. Outro dado: 9 milhões de pessoas morrem por uma doença não contagiosa antes de chegar aos 60 anos.
 
Mas como indicam nesse organismo, são as doenças infecciosas, muito menos frequentes, as que recebem atenção. A princesa jordaniana Dina Mired, que interveio em nome da sociedade civil, salientou que ao falar das doenças crônicas se comete uma “injustiça de rotulagem”. “Não afetam só as sociedades ricas”, por isso ela crê que devem ser reconhecidas como “epidemia, e não um desafio”.
 
A reunião de alto nível pretende de fato servir para evidenciar um problema crescente nos países em desenvolvimento devido ao consumo de tabaco, o sedentarismo e a obesidade. “É uma situação de emergência em câmera lenta”, advertiu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em seu apelo à colaboração, incluindo a indústria farmacêutica.
 
Como disse Ban, desta vez não se trata de combater um vírus ou uma bactéria, mas de atacar os “maus hábitos” das sociedades modernas que podem ser enfrentados com medidas não muito caras e de forma preventiva. As estatísticas, ele indicou, “são alarmantes”. E referiu-se aos 17% de aumento de mortes previstos para a próxima década.
 
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, reiterou que essa primeira reunião “deve ser um chamado de atenção” para os governos. “Sabemos o que se aproxima”, disse. “A ignorância e a inércia devem ser relevadas por ações concretas sem demora”, para combater o que qualificou como “a globalização de um estilo de vida não saudável”. “A obesidade mostra que algo vai mal.”
 
Uma simples mudança de estilo de vida, acrescentam os especialistas, é suficiente para reduzir significativamente o risco. Segundo a OMS, é possível salvar 30 milhões de vidas em uma década apenas reduzindo o consumo de tabaco e de sal, ou com tratamentos preventivos. Mas é no acesso aos medicamentos que o debate se torna intenso.
 
“Felizmente pude viajar para salvar meu filho com leucemia”, disse a princesa diante do plenário. “A grande maioria não pode”, ressaltou, dizendo ao fórum que “a disparidade de tratamento é inaceitável. Não é só uma questão de escolha ou preferência de estilo de vida. Trata-se de fornecer medicamentos essenciais aos que necessitam já.”
 
Os tratamentos, reiterou Ban, devem ser acessíveis. Por isso fez um apelo à indústria para que se envolva mais. Um setor em que as farmacêuticas chinesas e indianas começam a entrar no comércio global, com cópias genéricas mais baratas que podem travar a batalha com as farmacêuticas ocidentais e os dirigentes dos países ricos.
 
O governo de Barack Obama, segundo revela “The New York Times”, tenta frear os esforços dos países pobres para alcançar um acordo internacional que lhes permita importar esses medicamentos sem restrições. O argumento de Washington é que não são tão urgentes quanto a epidemia de AIDS e devem-se principalmente a um estilo de vida.
 
A declaração política pactuada na ONU, de fato, não faz referência a essa questão. E, embora tente galvanizar a ação dos governos nos próximos anos, evita estabelecer objetivos e não cria um fundo para financiar iniciativas, como se fez para combater a AIDS ou a malária. Também não está claro como o setor privado poderá se envolver, diante do clima econômico adverso.
 
Data: 23/09/2011
Veículo: UOL