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Pesquisa que recomenda o uso de bebidas alcoólicas na prevenção de doenças cardíacas causou bastante polêmica no meio acadêmico. O médico italiano Maurizio Ponz de Leon, oncologista e professor da Universidade de Modena e Reggio Emilia, um dos maiores críticos desse estudo, argumenta que faltam evidências concretas dos benefícios do álcool e que as pessoas não saberiam reconhecer o que é beber com moderação. Além disso, a bebida é uma causa frequente de acidentes de trânsito.
Os autores da pesquisa afirmam que há grupos que se beneficiam mais do consumo de bebida do que a população em geral, como homens adultos com alto risco de problemas cardíacos. Mas há grupos em que não beber nada é melhor, como mulheres cuja família tem casos de câncer de mama.
Segundo Rubens Baptista Júnior, especialista em medicina preventiva: “É preciso ter cuidado com as conclusões de trabalhos científicos que procuram relacionar uma causa a um efeito, quando este é influenciado por uma multiplicidade de fatores.” Ele afirma que, para chegar a uma conclusão firme, os estudos sobre álcool ainda precisam ser reproduzidos em locais diferentes para que sejam considerados válidos a ponto de servirem de base para indicação médica.
“Ainda que os efeitos do álcool sobre o sistema cardiovascular fossem comprovados como benéficos, a recomendação de seu consumo deveria sofrer muitas restrições”, diz Batista Júnior, que é professor no programa de estudos avançados em administração hospitalar do Hospital das Clínicas da USP.
“O álcool sabidamente tem ação deletéria sobre fígado, cérebro, estômago, pâncreas, boca, laringe e intestinos, além de trazer riscos durante a gravidez.”
De acordo com Curtis Ellison, médico da Universidade de Boston e um dos coordenadores do Fórum Internacional Científico sobre Pesquisa em Álcool, é possível dizer que uma dose por dia, ou até menos, protege contra doenças cardiovasculares. O ideal, diz ele, é o consumo regular, e não só em fins de semana, de pequenas quantidades de álcool.
“Os franceses têm taxas muito baixas de doença coronária não porque eles bebem muito, mas porque eles bebem todos os dias. Dessa forma, plaquetas e outros fatores que levam à formação de coágulos nas artérias permanecem em um estado favorável”, afirmou o pesquisador americano.
Fonte: Folha de S. Paulo, caderno Saúde.
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